Definitivamente eu odeio retrospectivas. Sempre gostei de olhar para a frente, sempre achei que as televisões precisavam fazer especiais de perspectivas mostrando o que estava por vir no ano seguinte, mas esse ano eu realmente preciso registrar a perspectiva.
Meu ano, como vocês sabem, começou de forma bastante agitada com o acidente de carro da minha esposa com a minha filha e alguns problemas de saúde por conta de stress – que resultaram em remédio para hipertensão. Com tudo isso aprendi a ver a vida de maneira diferente, vivendo o agora e não calculando cada passo que daria ou então cada palavra que seria dita no momento exato antecipando todas as variáveis de cada uma das situações. Enfim, no começo do ano, aprendi a viver o agora.
Realizando as mudanças internas
Com os problemas de pressão/stress, passei a olhar para mim de forma diferente do que vinha olhando nos últimos 7 anos. Passei a encarar que não estava satisfeito comigo. Compreendi que estava muito dependente dos ambientes externos, “livrando-me” das únicas responsabilidades que eu realmente tinha capacidade de resolver na vida – as minhas. Encarei que toda e qualquer mudança que eu desejasse, dependeria única e exclusivamente de mim e de meus atos. Eu via um cara um pouco acima do peso e insatisfeito consigo mesmo e aproveitei a indicação de alguns amigos e fui cuidar de mim. Iniciei um programa de reabilitação alimentar e durante 8 meses do ano aprendi um pouco a cada dia – sou eu quem crio os meus próprios problemas, assim como sou eu mesmo quem os resolve. Nesse período de 8 meses, aprendi que tudo tem seu tempo, que devemos ser persistentes e fazer o que acreditamos e principalmente que precisamos acreditar em nós mesmos.
Durante o processo de reabilitação, aprendi a me olhar com um olhar menos crítico, ou melhor, aprendi a criticar-me menos intensamente e aceitar todas as minhas limitações. Aproveitei o aprendizado do viver o agora, e aceitei que tudo tem seu tempo – minha meta surreal de perder os 46kg até 31 de dezembro não seria atingida. Com isso, aprendi que não sou o super-homem que sempre tivesse a certeza ser (por mais que a Dn. Gigi insista em acreditar nisso- filha pode tudo). Esse aprendizado me trouxe o resultado inimaginável de -42,7 kg, faltando apenas 3,3kkg para a meta surreal. Abri mão de muita coisa? Sim, abri mas hoje estou mais satisfeito comigo.
Voltando a acreditar em nossas crenças
Tudo isso, me fez voltar a acreditar que precisamos priorizar as questões que realmente tem prioridade na minha vida e que preciso tratar passionalmente apenas o que merece ser tratado passionalmente. Fora isso, aprendi também que minha racionalidade só servia de defesa para um lado mais frágil que eu negava. Passei a ser mais emocional e pude por em prática o viver agora e não planejar antecipadamente meus passos.
Se tudo isso não fosse suficientemente cansativo e pesado, resolvi que faria uma jornada no próximo ano e o caminho de Santiago de Compostela virou um objetivo a ser cumprido. Planejei, estudei, calculei valores e quando me preparava para iniciar os trabalhos físicos o Viver agora se manifestou novamente e decidi ir atrás do meu sonho – cursar uma faculdade de Gastronomia. Era a prova de fogo: o senhor perfeito precisaria abrir mão do seu objetivo totalmente planejado de 2012, enfrentar o “fracasso” de não cumprir o planejamento e posso dizer que fiz isso com a maior calma possível. Busquei então opções, pesquisei os conteúdos programáticos e defini que era o momento de finalmente usar o meu diploma universitário. Faria uma segunda graduação em gastronomia, por mais que um curso de extensão fosse suficiente, eu buscava mais.
A questão é que precisamos sempre aprender mais e mais e a instituição de ensino desejada não possibilitou a minha matrícula como portador de diploma e por 25 dias eu tentei fazer valer o meu direito, até que finalmente aprendi mais uma lição: sempre tem um caminho mais fácil e que só depende de mim. Com isso na cabeça, peguei lapiseira, borracha, caneta e RG e após 18 anos, fui encarar uma prova de vestibular novamente. E foi aí que a segurança retomada durante o ano, aliada à vivência do agora e à persistência de não desistir do que quero me permitem fechar o ano mais produtivo da minha vida com a notícia de que em 2012 serei um dos 40 alunos da turma noturna de gastronomia da Universidade Paulista.
Seja bem vindo 2012, que você seja melhor que 2011 e pior do que 2013.
PS: Caro leitor, se você chegou até aqui, você merece meu parabéns e meu obrigado. Entre os planejamentos que tenho para o Homem na Cozinha para 2012 é deixa-lo mais humanizado com as minhas experiências e principalmente transmitir todo o conhecimento que eu adquirir na faculdade. Isso é o máximo que tenho me permitido planejar. Obrigado por sua companhia e apoio nesse ano.
Foto em Creative Common – Ronan Odonohoe
Nossa Cobra, quantas maravilhosas mudanças. Parabéns pela força de vontade, isso é inspirador. Principalmente a parte da dieta, pois minha meta para 2012 é perder os 10k que ganhei em 2011. E não será fácil para essa formiguinha que escreve :/ Feliz 2012!!!
Luiz, estou feliz por você. Ter acompanhado (ainda que à distãncia) esse seu caminho em 2011 me fez aprender muito. Que em 2012 você colha os frutos desse aprendizado e seja muito, muito feliz! Um excelente 2012 para você, Fla e Gigi!!
Beijo, Ana
Puxa, meus sinceros parabéns!!!! Tenho certeza que essa faculdade vai ganhar um aluno talentosíssiiimmoo!!!
Alias, parabéns pela perseverança no emagrecimento. Eu sei o qto é difícil!
Um grande abraço e felicidades para a sua família!
andrea