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o Dia do Brigadeiro está chegando! É comemorado no dia 10 de setembro. Essa data é uma ótima oportunidade para celebrar e preparar essa deliciosa iguaria brasileira. Se você estiver planejando alguma postagem ou atividade especial para essa data, pode ser um ótimo momento para explorar novas receitas, variações do brigadeiro ou até mesmo combinar essa tradição com outras influências culinárias que você gosta de explorar.
O Brigadeiro: História, Origem e Variedades
O brigadeiro é, sem dúvida, um dos doces mais amados e icônicos do Brasil. Presentes em praticamente todas as festas de aniversário, casamentos e comemorações em geral, essas pequenas bolas de chocolate representam muito mais do que apenas uma sobremesa: elas são uma parte essencial da cultura e identidade brasileira. Este texto explora a origem do brigadeiro, a homenagem ao Brigadeiro Eduardo Gomes, uma breve biografia desse importante personagem, uma explicação técnica sobre o doce, as variações que surgiram ao longo do tempo, e curiosidades sobre os diferentes nomes que o doce recebe em diversas regiões do Brasil.
O brigadeiro surgiu no Brasil no período pós-Segunda Guerra Mundial, em meados da década de 1940. O país vivia um momento de escassez de alimentos, devido às restrições impostas pelo conflito, e muitos produtos importados, como frutas secas e castanhas, eram difíceis de encontrar. Com a escassez de ingredientes, as pessoas começaram a adaptar receitas e criar novas, utilizando o que estava disponível.
Foi nesse contexto que o brigadeiro nasceu. A receita original era simples: leite condensado, manteiga e chocolate em pó. Misturando esses ingredientes e levando ao fogo até atingir o ponto certo, formava-se um doce de consistência cremosa e sabor inigualável, que rapidamente ganhou popularidade.
O nome “brigadeiro” é uma homenagem ao Brigadeiro Eduardo Gomes, um militar brasileiro que se candidatou à presidência da República em 1946. Durante sua campanha, as eleitoras cariocas organizaram festas e comícios para arrecadar fundos, e, em um desses eventos, o doce foi servido pela primeira vez. Na falta de um nome oficial, as pessoas começaram a chamá-lo de “brigadeiro”, em homenagem ao candidato. Embora Eduardo Gomes não tenha vencido a eleição, o doce que leva seu nome conquistou o coração dos brasileiros.
Eduardo Gomes nasceu no dia 20 de setembro de 1896, no Rio de Janeiro. Ingressou na carreira militar muito jovem, aos 15 anos, e ao longo de sua vida construiu uma carreira sólida e de grande destaque. Gomes foi um dos principais nomes da Aviação Militar Brasileira e participou ativamente da Revolução de 1924, um dos episódios marcantes do movimento tenentista. Mais tarde, integrou a Coluna Prestes, uma marcha revolucionária que percorreu milhares de quilômetros pelo interior do Brasil.
Após a Revolução de 1930, Eduardo Gomes consolidou sua carreira militar e, em 1941, foi promovido ao posto de Brigadeiro do Ar, um dos mais altos cargos na hierarquia da Força Aérea Brasileira. Além de suas realizações militares, Eduardo Gomes foi um fervoroso defensor da democracia e dos direitos civis, o que o levou a se candidatar à presidência em 1945, na primeira eleição após o Estado Novo. Embora não tenha vencido, sua figura carismática e respeitável deixou uma marca profunda na história política e militar do Brasil.
Eduardo Gomes continuou servindo ao Brasil em diversas funções, incluindo a de Ministro da Aeronáutica, cargo que ocupou durante dois mandatos presidenciais. Ele faleceu em 1981, aos 84 anos, deixando um legado de patriotismo e compromisso com a nação. Sua memória é perpetuada não só pelos seus feitos militares, mas também pelo doce que leva seu nome e que se tornou símbolo de alegria e celebração.
O brigadeiro, na sua forma mais clássica, é um doce que exige poucos ingredientes, mas alguma técnica para ser feito corretamente. A receita básica consiste em misturar leite condensado, manteiga e chocolate em pó, ou cacau, em uma panela. A mistura é então levada ao fogo baixo e mexida constantemente até que comece a desgrudar do fundo da panela. Esse ponto é crucial: é ele que garante a consistência ideal para que o brigadeiro possa ser moldado em pequenas bolas depois de esfriar.
Uma vez que a mistura atinge a consistência desejada, ela é deixada para esfriar. Depois, as porções são moldadas com as mãos e passadas em granulado de chocolate, ou outro tipo de cobertura, como coco ralado, açúcar cristal ou castanhas trituradas. O brigadeiro tem uma textura única: macio, mas firme o suficiente para manter sua forma, com um sabor que equilibra perfeitamente o doce do leite condensado e a profundidade do chocolate.
Com o passar do tempo, o brigadeiro evoluiu e ganhou inúmeras variações. Embora a versão original continue sendo a favorita de muitos, outras formas de brigadeiro foram criadas para atender a diferentes gostos e ocasiões. Entre as variações mais populares estão:
Brigadeiro Branco: Também conhecido como “brigadeiro de leite”, é feito sem o chocolate em pó, utilizando apenas leite condensado e manteiga, às vezes com um toque de baunilha. Após ser moldado, é comumente passado no açúcar cristal ou coco ralado.
Brigadeiro Gourmet: Nos últimos anos, a febre dos brigadeiros gourmet tomou conta do Brasil. Esses brigadeiros são feitos com ingredientes de alta qualidade, como chocolate belga, cacau puro, e podem ser enriquecidos com castanhas, licores ou até mesmo sabores exóticos, como pistache ou frutas vermelhas.
Brigadeiro de Churros: Esta variação combina o sabor do brigadeiro branco com doce de leite e é enrolado em açúcar e canela, imitando o sabor tradicional dos churros.
Brigadeiro de Pistache: Feito com creme de pistache e coberto com pistache triturado, é uma opção que agrada aos paladares mais refinados.
Brigadeiro de Paçoca: Combina o sabor doce do brigadeiro com o sabor marcante da paçoca, um doce tradicional brasileiro feito de amendoim.
Brigadeiro de Café: Para os amantes de café, esta versão mistura café solúvel ou expresso à receita tradicional, criando um doce com um sabor mais intenso e marcante.
Embora seja conhecido em todo o Brasil como brigadeiro, o doce recebe outros nomes em diferentes regiões do país. No Rio Grande do Sul, por exemplo, ele é chamado de “negrinho“. Já em algumas regiões do Nordeste, é conhecido como “branquinho” quando feito com chocolate branco. Essas variações nos nomes refletem a diversidade cultural e linguística do Brasil, e a forma como cada região se apropria e adapta as tradições culinárias.
Além disso, o brigadeiro ganhou popularidade internacional, especialmente em países onde há uma grande comunidade brasileira, como os Estados Unidos e Portugal. No exterior, o doce é frequentemente chamado de “Brazilian truffle” (trufa brasileira), um termo que tenta capturar a essência luxuosa e indulgente do brigadeiro.
O brigadeiro é mais do que apenas um doce; ele é uma parte viva e saborosa da cultura brasileira. Desde sua criação nos anos 1940 até as inúmeras variações que surgiram ao longo do tempo, o brigadeiro continua a ser uma presença constante nas celebrações e momentos especiais de milhões de brasileiros. Seja como uma lembrança da infância, um símbolo de festa ou uma indulgência gourmet, o brigadeiro ocupa um lugar especial nos corações e nas mesas de todo o Brasil. E com tantas formas diferentes de apreciá-lo, é fácil entender por que o brigadeiro permanece tão amado, geração após geração.